Viagem de Moto pela América do Sul - Gui, Guto e Chicão



quinta-feira, 9 de junho de 2011

Dia 6: Travessia da Cordilheira pelo Paso Jama

Após um belo café da manhã no Manantial del Silencio, partimos em direção a Tilcara, a 20 KM de Purmamarca, para abastecer as motos, uma vez que o próximo "posto de combustível" seria em Susques...

Quebrada de Humahuaca... um parque de diversões para motociclistas

(quem já passou por lá, sabe do que estou falando e porque o uso das "aspas" acima... Susques é algo no caminho pelo Paso Jama, simples, onde normalmente os viajantes passam direto e, se param, é para abastecer apenas. Hoje, pode-se encontrar um par de hotéis, o Pastos Chicos e outro na beira da estrada de aspecto razoável. O combustível é igualmente problemático: ou é ruim, ou está em falta - oque ocorreu conosco... por isso, nos precavemos e saímos de Tilcara abastecidos)

Bom, não é preciso mencionar que a expectativa era grande, afinal, estávamos bem próximos do destino final e, pelo que havíamos escutado, o Paso Jama seria um dos maiores desafios da viagem por conta de sua altitude e temperatura.

Nossa primeira parada para fotos foi logo após a subida dos Caracoles, onde pudemos curtir as curvas com certa moderação, uma vez que há muitas tem pedras deixadas pelas Cegonhas/Carretas, que invadem o acostamento (de cascalho) e a pista...  Carretas numa estradinha de pista simples e com curvas de até 180°... emoção pura.

Caracoles
 
Salinas Grandes, avistadas de longe

Paisagem comum neste trecho da viagem. Excelente para reflexões.
 
Nossa segunda parada foi num dos lugares mais incríveis que estivemos durante a viagem, nas Salinas Grandes. O Chicão, que parece que viajou umas 18x até o Atacama pela internet, sabia exatamente o que encontrar e por onde acessar as Salinas... cheguei a pensar que estávamos no Salar de Atacama e comecei a gritar "Atacama! Atacama!"... enlouqueci por alguns instantes, por conta da emoção. 
Parada nas Salinas Grandes, ainda em solo Argentino. Que céu!

Foto clássica. No entorno, tudo é branco, apenas sal.


Como de costume, mandamos a língua no sal para experimentar e adesivamos a casinha que tem logo na entrada das Salinas e seguimos viagem. Neste ponto, me tornei "usuário de folha de coca", já preocupado com o Paso de Jama e seus 4800m de altitude que nos aguardavam. Agradeço à senhora da pracinha de artesanato de Purmamarca, que gentilmente cedeu uma sacola recheada das tais folhas.


A Lhama da casinha, encarando a Strom...
Casinha devidamente adesivada.

Nossa terceira parada foi no Hotel & Restaurante Pastos Chicos. Adesivamos o local nosso adesivo Naked in Atacama e outros da Prime (do Neiva, amigo do Chicão) e arrematamos um par de empanadas com Gatorade para dentro. A demora das empanadas acabou quebrando um pouco o ritmo da viagem e acabamos fazendo uma parada mais longa do que o planejado (nota: como sabem, nunca tivemos nenhum plano, mas sabíamos que o Paso Jama deve ser feito próximo ao meio-dia, quando o sol ainda ajuda...). Acabamos saindo mais tarde de lá.

Hotel e Restaurante Pastos Chicos, parada da maioria dos viajantes.


Pastos Chicos: a gerente do local morou em SP, no Pacaembu.

Adesivos nas janelas... será que há muita gente viajando de motocicleta?

A bomba de gasolina vizinha do Pastos Chicos (digo bomba apenas, pois não dá pra chamar aquilo de posto de combustível), como previsto, estava sem gasolina... e seguimos viagem até o YPF próximo da Aduana internacional do Paso Jama.


Chegando ao YPF o frio já castigava. O Chicão, com luvas de ski e a proteção aerodinâmica da Strom, estava relativamente tranquilo. Eu, de naked, já começava a sofrer por antecipação.


Nuvens se formando na travessia do Jama... encobrindo qualquer raio de sol.

Durante o abastecimento, eu conversava com um viajante Argentino, Juan Manuel que me mostrava sua Yamaha YBR simplesmente LOTADA. Muito simpático, comentou que estava viajando pela América do Sul inteira em marcha contra a xenofobia e qualquer outro tipo de preconceito, de qualquer natureza. (http://www.facebook.com/AbyaYala.en.YBR). Comentou também que não viajava sozinho, o que de alguma maneira me confortou, pois pensei "Ok, a moto está carregada mas está com outro amigo em outra moto que poderia socorrê-lo em caso de emergência... pra minha surpresa, surge sua namorada Maria Eugenia da loja de conveniência... ela estava na garupa da YBR!


Nuestros Hermanos Juan y Maria: Buen Viaje!
 
YBR 125: Guerreira!


Nuestro hermano argentino nos contando sobre a aventura.


YBR 125 Full: Leva mais bagagem que uma GS1200 e uma KTM990 juntas.

Não pudemos estender o papo por conta do tempo que passava e a temperatura que caía...  portanto, pegamos alguns panfletos com nosso hermano argentiiiiino e nos despedimos. Naquele mesmo minuto, revisitei alguns de meus preconceitos, como por exemplo "viagem longa é de big-trail"... o cara era um herói.

Antes da partida, o argentino nos alertou que o frio nos castigaria... já era tarde, fizemos a travessia às 16hs, por sorte pegamos a aduana internacional do Paso Jama vazia. Havia apenas um veículo com brasileiros que enfrentavam dificuldades para fazer o trâmite aduaneiro: haviam entrado na Argentina por Santa Catarina e não oficializaram a entrada, passaram direto pelo posto... este é um erro comum onde o controle aduaneiro não é organizado. Ou seja, se for para a Argentina, procure o órgão responsável e dê entrada no país. Ainda, se possível, vá com o passaporte e carimbe o mesmo, para evitar uma possível perda dos tickets de entrada que são fornecidos quando se usa RG.

O Mal de Puna já começava a pegar e quando parei a moto, não me senti bem. O Chicão, que já tinha todos os detalhes na cabeça, sugeriu que eu solicitasse Oxigênio para a Gendarmeria (polícia) e acabei deitando na maca para uns 10 minutos de O2... mas logo interrompi a "sessão" pois o tempo corria e o frio apertava. Deixamos desta forma toda a sessão e fotos no Paso de Jama para uma próxima viagem, pois cada minuto contava.

Começamos a subida. A  Strom, segundo o Chicão, ficou absolutamente manca, quase sem sexta marcha. Segundo ele, 50% do rendimento, mesmo injetada. (fica a dúvida sobre o que acontece com as carburadas...) A F800R foi bem, mas também pediu marcha .

Fizemos uma pequena parada para tomar (importante!) e descarregar água (a folha de coca é um belíssimo diurético). O Chicão posou para uma foto famosa que já rendeu o aval para a próxima viagem... 

Chicão e sua mensagem de amor. Aval garantido. 
Era parar a moto para o benedetto do Puna aparecer, portanto, da-lhe folha de coca....

Quanto mais subíamos, mais o desespero batia, por conta do frio. Já era tarde e a não parávamos de subir. O vento cortando a gente no meio, 4°C no computador de bordo. 

Quando desistimos de aguardar o final da subida (já a 4852m), eis que chega um presente divino: uma reta descendo direto a San Pedro de Atacama (SPA)! E, com um pôr-do-sol memorável, a temperatura subia até confortáveis 22°C.

Comemoração: descida à San Pedro, com Sol e o Licancabur nos saudando.

Descemos cerca de 2000m de altitude devagar, na banguela, num silêncio também divino. O visual era incrível, o vulcão Licancabur nos saudando bem de perto. Buzinamos, gritamos e comemoramos a chegada ao destino final e objetivo da viagem. Em SPA, seriam 3 dias para fotos, apreciar, relaxar e comemorar.



Em SPA, era hora de fazer a aduana - sim, a aduana do Chile fica na cidade de SPA, a 160 kms da aduana Argentina. Fizemos a entrada pessoal e das motos, para então aguardar a burocracia de revista de bagagem, etc. Um "xaveco" brasileiro colou bem na oficial aduaneira chilena e passamos sem a revista. Uma revista teria adicionado pelo menos mais uma hora de aduana.

Seguimos para o Hotel Terrantai (http://www.terrantai.travel/) e na recepção, nos demos conta de que havíamos chegado um dia antes da data. Após meia hora de espera, encontraram um quarto e aceitaram estornar o pagamento do cartão. Sorte. Eu já estava famoso lá de tantos email enviados ao Terrantai solicitando alteração na data... tudo tratado com a gloriosa Rocío...

Já instalados, fomos ao Restaurante Adobe. House music, descolado, um tacho com uma fogueira no meio do restaurante e um belo bifão com dois ovos em cima e batata frita (nosso famoso Bife-a-Cavalo...), acompanhado por cerveja Kuntsman, muito boa!

"Bife-a-Cavalo do Adobe", uma das melhores xepas da viagem.


Após isso, cama. E desta vez, sem horário pra acordar!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dream Rangers! Certamente inspirador!

Enquanto preparamos novos posts com os últimos 5 dias de viagem, compartilho este vídeo, que de alguma maneira nos inspirou para executarmos nossa viagem. Belo vídeo!



Novos posts estão a caminho, com fotos e vídeos.
Abraços!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Dia 5: De Cafayate a Purmamarca, só no tapetão...

(Chicão nos teclados... e o teclado é chileno...)


No café da manhã do hotel, uma vista incrível. Ficamos no La Casa de La Bodega, fica uns 15 kms de Cafayate, bem de frente a uma formação rochosa  incrível, de cores diferentes.

Café da manhã: completo e com boa vista

E que vista...

Saída do hotel... 3 Km de terra, mas vale o visual.

A estrada que liga Cafayate a Salta é de beleza ímpar, fizemos uma parada na Garganta del Diablo para fotos e o Gui acabou comprando uma pequena ‘artesania’, um instrumento chamado Ocarina, o primeiro instrumento de sopro encontrado no mundo.



Garganta del Diablo: nada demais.
Ocarina: quase uma flauta, só que mais desafinada.
 Chegamos a Salta e cruzamos a cidade rumo La Serena, para pegar a famosa estradinha estreita (“Estrada de Brinquedo”) que liga Salta a Jujuy. Incrível, vazia, muitas curvas (umas 500... um tipo de Estrada dos Romeiros, só que nível avançado...) e uma vegetação muito bonita.

"Estrada de Brinquedo": Repare na largura das pistas...

Resfriando os motores
Foto numa de nossas paradas. Belo visual.

Após esta estrada seguimos em direção a Purmamarca, onde o Gui pode aproveitar todo o potencial da F800R nas curvas... ele estava maluco com as curvas de alta nesse trecho. A Strom, carregada como uma mula manca, não possibilitou a mesma diversão - na próxima viagem, venho menos carregado com certeza.


Na Quebrada (de Humahuaca)

Uma reta, antes de 500 curvas de média/alta. 

Ao chegar a Purmamarca fomos ate a pracinha comprar presentes para as esposas e filhos. A lã da alpaca e incrivelmente macia ao toque, fiquei impressionado, só tocando mesmo para perceber.

E pensar que essas duas motos, em Purmamarca, chegaram de São Paulo...
 
Vilarejo muito simpático, com tecidos de lindas cores.

Na pracinha, pudemos visualizar o Monte de las Siete Colores... uma paisagem mais bonita que a outra e após as compras, fomos em direção ao hotel...

Cerro de las Siete Colores

Ficaríamos no La Comarca, mas passamos na porta do Manantial del Silencio, resolvemos entrar para conferir e acabamos ficando nele. Incrível, um silêncio avassalador. (o Gui fará em seguida um comentário sobre tal silêncio)



Belo hotel, bem aconchegante. Desconto concedido pelo Dino (recepção)

Bela vista dos quartos e pátio interno.

Vista para o morro, piscina e spa.

Bela  sala de estar, lareira.

BAR!
 
Descarregamos as motos e fomos para a jacuzzi do hotel, tomamos umas Quilmes com chips, foi show de bola, depois fomos jantar, eu comi um bife de lhama, estava muito bom. Comi também um carpaccio de lhama, o melhor que já comi na vida. Paramos as motos na varanda do hotel.

Jacuzzi, Quilmes y papas fritas.

Quilometragem do Dia: 365 Km, mas com muitas fotos e paradas interessantes.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Dia 4: De Yerba Buena a Cafayate - Fase 2 da viagem!!!


Café da manha no Missia Pepa (hotelmissiapepa.com), dulce de leche, pan, etc...


Sala do café da manhã

Acesso aos quartos

E, finalmente, fomos pegar a F800R na BMW Berlín Motos.

Com a moto lavada, óleo e filtro trocados, filtro de ar 0KM (o velho estava completamente empoeirado), partimos para a segunda fase da viagem.

Lavada e revisada, pronta para ação.

Deixamos Yerba Buena as 13:00 horas em direção a Cafayate. Subimos uma serrinha travada, com muita cerração, neblina e frio, 4°C. A serrinha lembra a de Ubatuba a Taubaté, só que 10x mais longa e mais fria. E com caminhões e carretas utilizando todas as pistas. Show!

Frio e úmido.

O Chicão nem estava com muito frio...


Vencida a serra, um presente: Sol forte na chegada ao Dique de L'Angostura e Tafí del Valle. Lagos, montanhas e um belo visual. Tentamos arrematar um carneiro num restaurante local mas a cidade estava fechada para a siesta... Tocamos assim para Cafayate e infelizmente, mais alguns trechos de terra e costelas. O Chicão, de Strom, estava tranqüilo. Eu, de naked, resolvi zerar o velocímetro e percorrer os trechos de terra a 20 Km/h no máximo. Foram poucos KMs para então entrarmos num tapetão, ruta 40, na rota do vinho de Salta. Espetacular! Bodegas, vinhedos e ótima temperatura.


Céu aberto logo após a serrinha. Foto tirada da GoPro.

Veja o asfalto que contribuiu com a queima total do pneu... nos próximos capítulos...

Dique L'Angostura

Fator ''visual'' da segunda parte da viagem

Fator ''visual'' da segunda parte da viagem
Vai uma Quilmes, aí?

Tomamos várias...


Ruta 40, ruta del vino

Belas paisagens

Festejando o começo da fase 2, sem perrengues!!!

Em Cafayate, visitamos o hotel Pateos de Cafayate (na Bodega El Esteco, 470 USD a diária...) e resolvemos tocar para o Casa de La Bodega, também num vinhedo, excelente hotel no meio do deserto, metade do preço e mais 3 Km de terra... 

Pateos de Cafayate
 La Casa de La Bodega

Sala do hotel La Casa de La Bodega
Fato curioso: dado o vento forte da região, estacionamos as motos dentro da bodega... o vinho já não era lá essas coisas... com o aroma de gasolina é capaz que adquira notas melhores... hehehe...

As motinhos, ao fundo, logo após as garrafas de vinho à esquerda
Jantar, Vinho, Cerveja e cama. 

Quilometragem do Dia: 249 km, pouco. Saímos tarde de Yerba Buena e fizemos algumas paradas para fotos. A internet do hotel não funcionava bem portanto não conseguimos atualizar o blog.
Liçoes aprendidas: em viagens longas ou trechos em terra, vá de Big Trail.

Gui, ainda desolado, pensando na 1200GS branca...